Quantas vezes você ouviu que o futuro chegou e já está de fato entre nós? As pessoas têm repetido isso com certa frequência, porque trata-se realmente de uma grande e incontestável verdade. Sinais de que isso tem acontecido podem ser vistos, não só nos ambientes onde a tecnologia tem um espaço maior, mas também em diversos outros âmbitos, como é o caso da gastronomia.
E não estamos falando apenas de cozinhas com menos pessoas, repletas de aparelhos tecnológicos, ou equipamentos que facilitam o dia a dia dos profissionais da área, mas também de técnicas modernas e inovadoras, que são utilizadas para produzir alimentos cada vez mais adequados à realidade em que estamos inseridos atualmente e ao contexto para o qual estamos nos direcionando dia a dia.
Neste sentido, visando se adequar e atender os novos gostos, que ganharam bastante força nos últimos anos, o Futuro Burger foi criado. Ainda não sabe do que se trata? Então vem com a gente nesta leitura e conheça a história por trás do primeiro hambúrguer brasileiro e 100% vegetal do mercado!
Como surgiu o Futuro Burger?
Imagine ter a possibilidade de comer um hambúrguer 100% vegetal, ou seja, sem absolutamente nada de origem animal. Esta novidade já se encontra no mercado brasileiro e trata-se de uma criação da foodtech Fazenda Futuro, que se lançou no mundo da gastronomia, para mostrar que é possível implementar mudanças revolucionárias, que, na nossa cabeça, antes, eram inimagináveis.
Autodenominada “a primeira foodtech brasileira, criando carne de plantas com a mesma textura, suculência e gosto de carne”, a Fazenda Futuro une, nos produtos e serviços que oferece no mercado, os conceitos de tecnologia e sustentabilidade, fazendo isso, principalmente, através do desenvolvimento de hambúrgueres 100% de origem vegetal.
A empresa foi idealizada e fundada por Marcos Leta, que também é criador da marca de sucos, já estabelecida no mercado, Do Bem. Para a criação do produto, que é carro-chefe da Fazenda Futuro, o Futuro Burger, Marcos teve como principal inspiração startups americanas do ramo alimentício, como é o caso da Impossible Foods, que desde 2011 vem trabalhando e lançando produtos, como carnes e laticínios à base de vegetais, mas que têm o sabor, a textura, bem como o aroma praticamente idênticos aos de origem animal.
Impressionado pelas possibilidades e transformações que o universo das foodtechs e também do plant based trouxeram ao mercado, Leta investiu e iniciou a formulação do Futuro Burger em 2017. Plant based é um conceito de alimentação que se aproxima bastante do veganismo, uma vez que não se utiliza de nenhuma espécie de produto de origem animal, mas que vai além, ao valorizar um estilo de vida mais simples e também sustentável.
Percebendo aí uma tendência gastronômica cada vez mais crescente, o empresário visualizou neste mercado uma oportunidade de negócio e decidiu trazer o sistema, já implementado pela Impossible Foods, nos Estados Unidos, para o Brasil.
Foi aí que ele passou a se dedicar, intensamente, aos estudos relacionados às foodtechs, bem como ao funcionamento do mercado plant based, para que, dessa maneira, pudesse fazer a coleta de dados e informações essenciais, que o embasasse na implementação e desenvolvimento deste modelo de negócio e também de toda esta tecnologia em nosso país.
A partir disso, nasceu a ideia do Futuro Burger, primeiro produto da Fazenda Futuro, que começou a ser formulado em 2017.
Como é feito o Futuro Burger?
A primeira versão do Futuro Burger chegou aos supermercados e restaurantes brasileiros em maio deste ano, e basicamente era feita com proteína de ervilha, proteína isolada de soja e de grão-de-bico e também com beterraba, utilizada para dar ao alimento a cor avermelhada da carne. Estes ingredientes, de acordo com a marca, são todos livres de transgênicos, tornando-se, assim, uma opção, não só mais saudável, mas também mais sustentável para veganos, vegetarianos e para os quem desenvolveu a intenção de comer cada vez menos carne de todas as espécies.
Com relação ao índice proteico desta versão do Futuro Burger, ela tinha 17 gramas de proteína, pois a Fazenda Futuro queria, ao máximo, reproduzir, no alimento, um valor nutricional bastante aproximado do que é encontrado atualmente na carne animal, principalmente na bovina. Já no caso da gordura, a marca optou por fazer uma redução da mesma em seu hambúrguer.
Segundo informações da própria Fazenda Futuro, esta primeira versão foi apenas um teste, carinhosamente apelidada de versão 1.0.
A versão 2.0
A versão 2.0 do Futuro Burger chegou em setembro deste ano ao mercado e ganhou novas nuances. Agora ela é ainda mais saudável e conta com 11% menos calorias, 23% menos carboidratos, 13% menos gorduras, 6% menos sódio e 32% mais fibras.
De acordo com a Fazenda Futuro esta versão é ainda mais saborosa que a anterior, já que, segundo a marca, é mais carnuda, suculenta, e conta com um gosto mais voltado para o bife, propriamente dizendo, do que para o defumado.
A necessidade de se adaptar
Marcos Leta, fundador da Fazenda Futuro, afirma: “Já deixamos de ser uma tendência para nos tornarmos uma realidade positivamente sem volta. Cada vez mais, as pessoas estão em busca de alternativas alimentares mais sustentáveis”.
E isso é realmente uma verdade, que pode ser facilmente comprovada pela aumento considerável no índice de pessoas que têm aderido à uma alimentação vegana e também vegetariana. Com isso, o mercado vem, cada vez mais, se adaptando e acompanhando esta evolução, para poder atender bem este público crescente.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2018 pelo Ibope Inteligência, a demanda de pessoas interessadas por este tipo de alimentação era de 14% da população, o que naquele período correspondia a 30 milhões de brasileiros.
De lá para cá, observamos atentos o boom de restaurantes, lanchonetes, bem como produtos e serviços, que fizeram questão de não utilizar mais carne em sua produção. Até mesmo grandes redes de fast-food, como é o caso do Burger King e do Mcdonald’s, adaptaram-se à esta nova tendência e lançaram produtos voltados para atender a este público consumidor.
Público este que entende que a produção de carne está diretamente ligada à uma emissão maior de gases do efeito estufa, ao desmatamento, à poluição, além do seu consumo em excesso levar ao desenvolvimento de problemas de saúde, como doenças cardíacas, câncer, entre muitas outras.
Por estas e uma infinidade de outras razões é que as pessoas têm procurado mudar seus hábitos alimentares e, se não estão eliminando, estão ao menos reduzindo a quantidade de carne em sua alimentação, consideravelmente.
Pelo menos é o que diz a empresa Markets and Markets, que informa que a demanda por alimentos que substituam as proteínas de origem animal pode alcançar a marca de 5,9 bilhões, até o ano de 2022. No que diz respeito às carnes produzidas com vegetais, o banco inglês Barclays, produziu um relatório que aponta uma previsão promissora para este setor, de aproximadamente US$ 140 bilhões em 10 anos.
Mas mesmo diante de todo este cenário de transformação, muitas mudanças ainda precisam acontecer, principalmente em nosso país, uma vez que o Brasil continua sendo um dos maiores exportadores e também consumidores de carne, ficando atrás apenas de Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Argentina.
“Hambúrguer do Vale do Silício”
Como dissemos o Futuro Burger foi inspirado em produtos que já eram comercializados nos Estados Unidos, já que foi exatamente lá que o “hambúrguer do futuro”, também conhecido como “hambúrguer do Vale do Silício” nasceu.
Criado para atender uma demanda crescente da indústria, o alimento foi inventado pelo professor de bioquímica da Universidade de Stanford, Patrick Brown, que originalmente produziu a iguaria a partir da proteína do trigo. Depois, apresentando, em 2019, na feira de tecnologia CES, a “versão 2.0”, ele substituiu o trigo e inseriu na produção soja, óleo de coco, óleo de girassol e proteína de batata.
O ponto alto da produção e invenção de Brown fica por conta da inserção de uma molécula rica em ferro, que também está presente no trigo e na soja, conhecida como “hemes”. Ela é que é a principal responsável por dar ao hambúrguer o gosto de carne esperado, a partir do momento que ele é levado do fogo.
A inserção da molécula pode ser feita na produção por meio de uma fermentação, realizada em laboratório, por uma equipe de Engenharia Genética.
A maior beneficiária da invenção é a já citada aqui Impossible Foods, que tem a sua fábrica localizada no Vale do Silício, com capacidade para produzir 900 toneladas de alimentos por mês. A grande vantagem é que tais produtos exigem, em sua produção, menos água, menos geração de gases poluentes, bem como uma área de pastagem menor.
No caso da Beyond Meat, que também trabalha no mercado com a comercialização de hambúrguer do futuro, ao invés de usar a “hemes”, ela utiliza suco de beterraba e extrato de maçã, para dar suculência e a cor rosa avermelhada ao alimento.
Já as manchas de gordura ficam por conta do óleo de coco e da manteiga de cacau, que ao entrarem em contato com o fogo, derretem no hambúrguer e acabam por se misturar às proteínas de feijão e ervilha, garantindo, assim, fibras e proteínas ao alimento.
Carne de laboratório?
Se no início deste artigo você estranhou o termo hambúrguer vegetal, tem outro tipo de produção vindo por aí, que vai te deixar ainda mais impressionado. Estamos falando da carne feita em laboratório.
Isso mesmo, é exatamente o que você leu, carne produzida em laboratório, mais especificamente na Universidade de Maastrich, na Holanda. O grande responsável por esta invenção é o professor Mark Post, que em 2013 apresentou uma carne produzida a partir de células-tronco de músculo de vacas, o que quer dizer que o alimento não se origina em nenhuma das partes do animal, mas sim de frascos dentro de laboratórios.
De lá para cá, cientistas dedicam-se incansavelmente à “schmeat“, uma espécie de carne (meat), que se desenvolve em lâminas de vidro (sheet) e, segundo estes especialistas, está prestes a ser comercializada no mundo.
A produção deste tipo de carne ocorre a partir do tecido da carne de verdade, que é cortado em fibras musculares, e, em seguida, são tratadas com uma enzima, que faz com que as células-tronco sejam liberadas. Depois disso, essa produção fica guardada em frascos de tecido, ficando prontas em apenas nove semanas.
De acordo com este estudo, aproximadamente 30 mil bovinos serão necessários para alimentar o planeta todo, a partir da carne de laboratório. Se comparado aos 1,5 bilhão de animais que são abatidos atualmente, causando um impacto considerável ao meio ambiente, através da devastação de áreas de pastagem e também emissão de gás metano, há um ganho enorme ao adotar esta nova espécie de carne em nossa alimentação.
Por meio de sua produção, as projeções feitas é de que ela tem o potencial de reduzir o consumo de energia em 45%, evitando, com isso, a emissão de gases do efeito estufa, bem como contribuindo para a economia de espaço, que acabará por liberar a terra para que outros tipos de produção sejam efetivadas.
São diversas as invenções que atuais, que contribuem para que a vida no nosso planeta melhore e com isso a nossa alimentação também seja beneficiada. Com certeza, estes são ganhos que precisam ser celebrados, já que ações como as que relatamos aqui, têm sido extremamente necessárias para melhorar, principalmente, a nossa qualidade de vida e de todos os seres que na Terra habitam, não é mesmo?!
O que você achou deste conteúdo? Já conhecia o hambúrguer do futuro? E a carne de laboratório, já tinha ouvido falar? Deixe seus comentários, para que possamos trocar ideias, e lembre-se de compartilhar este artigo com seus amigos, pois assim eles também têm a oportunidade de ampliar seus conhecimentos.
Imagem retirada de – https://pratofundo.com/9210/futuro-burger-vegano-resenha/ [todos os direitos reservados]